A bunda é uma cacunda
Que desceu corpo abaixo
E ali se fixou
Num lugar sem nome
Que passou a se chamar, desde então,
Bunda.
Tem gente que tem classe e salto pra mostrá-la
Tem gente que sequer a tem
Mas queria tê-la,
Rotunda,
Como deviam ser
Todas as bundas
Mas não o são
Pois há bundas-sim
E há bundas-não.
Bundas-presença
E bundas-ausência.
A bunda presença
É aquele sábado
Alado
Que tudo promete.
A bunda-ausência
É como um domingo-limbo
Sem pé,
Sem fé,
Sem cachimbo.
Engraçado...
Eu acho que bunda
é a palavra mais redonda da língua portuguesa.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
CONTO DE FADAS PARA AS MULHERES DO SÉCULO XXI
Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e
cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o
maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades
ecológicas, se deparou com uma rã.. Então, a rã pulou para o seu colo e disse:
- Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.
Uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa.
Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e
poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.
A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar,
lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um
cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava...
Nem morta!
(Luís Fernando Veríssimo)
comentário: "É o Mundo Mudou, cadê o romantismo?"
cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o
maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades
ecológicas, se deparou com uma rã.. Então, a rã pulou para o seu colo e disse:
- Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.
Uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa.
Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e
poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.
A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar,
lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um
cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava...
Nem morta!
(Luís Fernando Veríssimo)
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